Via Clandestino - 180mts - 6º VIIa E3 D1
Local: Serra da Cambota - Barão de Cocais MG
No último dia 28/01 tive o prazer de reviver boas aventuras no clássico Cambotas. Me juntei ao Fred Moreira e fomos num bate volta tentar o cume pela rota mais repetida do local: Via Clandestino.
Desde minhas primeiras idas ao Cambotas, sempre houve essa ideia em mente: experimentar essa via linda que corta o maciço bem pelo meio, remando mundo a fora naquele mar de quartzito laranja. Quem não qué, José??
Via Clandestino - Cambotas MG |
Relato da escalada:
Domingão acordei as 5, encontrei com o Morão no BH shopping as 6 e rachamos fora.. indo por Sabará, Caeté.. estrada de terra e.. Cambotas! Fomos muito bem recebidos pelo pessoal do Canela de Ema e começamos logo a trilha. (obs.: quem quer escalar no cambotas e não conhece o local, veja o post com todos os betas de lá: http://pedrasgerais.blogspot.com.br/2015/06/via-quadrado-magico-serra-do-cambotas-mg.html)
A trilha estava muito boa, aberta e com a vegetação intensa devido ao período chuvoso. O tempo nublado estava cooperando bastante e ir só com o equipamento de ataque ao cume ajudou a caminhada ser bem rápida. Menos de 40 min estávamos na base da via, 9:15h começamos a escalada.
Fred e eu na trilha. 40 min até a base |
A via são 5 ou 6 enfiadas, a última dependendo do ânimo pode ser emendada com a 5ª. São necessárias 13 costuras longas (beta importante: leve pelo menos duas de 1 metro, umas 3 menores pode até ser, e o resto de 40cm pra mais. Escalar a via só com costuras curtas seria bem ruim). Uns 2 ou 3 friends médios é bem recomendado pra 5ª e 6ª enfiada.
Seria possível escalar somente com uma corda de 60, porém, o rapel pela via de descida (ecdemomania) necessita duas cordas de 60mts. Então... leve-as... rapelar pela Clandestino é fácil somente até a segunda enfiada. De lá pra cima a via faz uma diagonal na 3ª e depois um negativo na 4ª.. ou seja, rapel ali é roubada.
Fora isso é uma mythos no pé, capacete, água, paçoquinha e uma proteção pro sol.. Pois uma regra no Cambotas não falha: o sol depois do meio dia arregaça o peão.
Encontrar a base da via é fácil. A partir do setor principal da entrada, caminhe 100 metros em direção ao setor felinas e a base já é lá. Olhando pra cima estará o inicio do risco do "A" do Arco da Santa Vitamina. A cor da parede no local é bem cinza, e não laranja.
Primeira enfiada da via Clandestino - Cambotas MG |
Primeira parada da via Clandestino. O Fred está lá no fundo da foto pois errou a primeira parada.. acabou indo muito pra direita. |
A primeira enfiada é um 6 grau. Vertical, alguns lances em agarras menores mas nada muito exigente. Bem bacana. A parada é num platô enorme inconfundível; ela estará mais a esquerda.
A segunda enfiada é a melhor da via! Um 6º grau num vertical laranjadão, bem protegido. Esta enfiada tende um pouco pra direita e termina bem na quina do "A" do arco.
Fred vindo pela segunda enfiada da via |
Fred se juntando a mim na 2ª parada da via Clandestino. |
Dali segue a 3ª parte da via. Aquilo lá já não é uma escalada que se acha facilmente por aí. A via segue na diagonal à esquerda, subindo na laje do teto acima da parada e seguindo um tubo de pedra de cerca de 1 metro de largura por 60 cm de profundidade. Ele não é grande o suficiente pra te caber dentro dele bem posicionado. Daí você fica meio fora e meio dentro, indo numa movimentação lateral utilizando a borda de baixo e desviando a cabeça da borda de cima. É bem diferente. Bem interessante. Essa enfiada desde os primeiros lances já requer uma tranquilidade mental bem maior.
O fim desta etapa é num platô enorme. Bom pra comer, beber água e recuperar o fôlego se necessário. Dali começa a enfiada com o crux de resista de força. O início é uma travessia lateral longa (+-12m), até virar atrás da aresta à esquerda. Antes de virar a aresta dá pra costurar duas chapas, e na outra face a via segue verticalmente, aí que dá a merda se você não tiver colocado uma fita gigante na primeira chapa e não tiver mais uma pra colocar na 3ª proteção. Coloquei uma fita de 40cm na 3ª e uma de 1,2m na 1ª... deu arraste pra cacete por causa da fita curta na 3ª... foi muito agachamento pra terminar o mar de agarrão no levemente negativo. O crux é uma seção bem definida no primeiro negativo. As agarras são boas, a questão é realmente manter a calma e ir movimentando bem ao longo dos agarrões.. vários parecem que vão arrancar na mão. Vá com calma.
Eu na 4ª parada enquanto o Fred ia trabalhando o crux. |
Eu na 4ª parada com a cara toda suja de terra.. o arraste da corda me atrapalhou muito nesta guiada. |
Dali pra frente, a 5ª e 6ª parte já são um estilo aproximação final com mato e alguns lances de escalada que é recomendável proteger com friends.
O cume estava bonito pra caramba..vista da Serra da Piedade e da serra do Caraça. Era a última folha do livro de cume... foi legal ver assinaturas antigas. O Fred tinha várias. Eu encontrei a minha de 2015 com meus parceiros Tigrão e Pastor, pela Aresta. Êta vida boa!
Cume do Cambotas! Rurul! |
Assinando o livro de cume. Última página! Sorte. |
De lá seguimos pro ponto de rapel. Pra achar o ponto de descida, faça o seguinte: ficando em pé no cume, olhando de frente pra sede do cambotas, siga pra sua diagonal direita pra frente (nordeste). Cerca de 200 metros abaixo, a parada estará lá, marcada com fita reflexiva e tudo mais, duas chapas com argolas.
Descendo pro ponto de rapel. |
Ponto de rapel do cume principal do Cambotas |
Um rapel de 30 metros te leva na base de uma grande fenda. A partir de lá, 2 rapéis de 60 metros te levarão até a base.
Descendooo |
Valeu Fred, valeu Cambotas.