domingo, 11 de junho de 2017

Mallos de Riglos - Catalunha, Espanha

Mallos de Riglos - Catalunha - Espanha

Via: Fiesta de Los Bíceps - 240mts, 7B(br), D2                                       1/11/2016



Mallos de Riglos é um povoado catalão famoso por seus paredões de conglomerado. O conjunto de afloramento rochoso proporciona um visual único ao local, o qual é muito frequentado por turistas que buscam boas caminhadas, escaladas e também observação de aves.


Vista da estrada, logo na entrada do lugarejo. (em vermelho a linha da via "Fiesta de los Biceps")

A fama internacional deste pico de escalada, e especialmente da via "Fiesta de los Biceps", vem crescendo muito nos últimos anos. Feitos como o de Alex Honnold - o qual solou a via à vista - e a campanha "The Classics" da Mammut, a qual insere esta escalada no seu roteiro, ajudaram na divulgação do local.

Acesso e Hospedagem


O acesso ao povoado é muito tranquilo. São 315km a partir de Barcelona e a estrada é ótima. É interessante incluir Rodellar no roteiro, pois dista de Riglos apenas 1h 30m.
Há basicamente duas opções de hospedagem, situadas logo na entrada da vila. Uma é o hostel dos montanhistas e a outra a Hospedaria do José. Me hospedei por 20Euros/pessoa na segunda opção, incluindo um café da manhã básico. O quarto e banheiro eram muito bons, assim como o atendimento, coisa rara que encontrei poucas vezes na Espanha.

Vista da hospedaria do José
Há uma pequena mercearia na vila, a qual fornece itens básicos.

Escalada

O interessante de fazer a Fiesta de Los Biceps é que não é necessário muita pesquisa, informações ou croquis... A linha da via está totalmente marcada pela trilha de magnésio marcada na pedra, é possível ver do vilarejo a linha da via.

As paradas e proteções da via são óbvias e em ótimo estado. Há sempre uma primeira chapa bem perto de cada parada, o que elimina o fator 2, e os esticões são tranquilos. Bastam 14 costuras, umas longas de preferência, 2 paradas, uma corda de 50 metros (e 1 par de bíceps em dia).

São cerca de 15 minutos de caminhada entre a vila e a base, como eu disse antes, basta seguir o rastro de magnésio. A Base da via é um diedro fácil de identificar, o nome da via está escrito de branco num bloco a uns 5 metros de altura. É interessante chegar cedo, por volta das 8h no máximo, pois a via é concorrida. Cheguei nesse horário, e 15 minutos depois já começaram a chegar outras duplas, as quais acabaram optando por fazer outras vias.

Tata e eu na base da via "Fiesta de los Biceps"

Era 1º de novembro, o sol batia na via desde a primeira hora do dia até a última, o que foi bom, pois o frio de manhã era foda. Ao longo do dia o sol desgasta bastante, não rola de esquecer o filtro solar, blusa de manga cumprida e evitar escalar no período mais quente do dia.

Não é necessário muita água ou comida, a Tamires e eu gastamos cerca de 6 horas entre a saída e o retorno à vila. Isto é considerado um tempo lento para a empreitada.. nosso ritmo de escalada não é muito rápido e ainda ficamos perdidos por um tempo na trilha de descida.

A primeira enfiada foi guiada pela Tamires. O começo é muito sossegado, seguindo pelo diedro, é um 6º (BR) bem protegido. Há uns dois lances um pouco mais complicados, não requer muita força, é mais uma questão de posicionamento.

O ponto rosa na ponta da corda é a Tamires guiando a primeira enfiada.

A segunda enfiada é o 1º 7b (BR). O crux é um diedro de uns 5 metros de comprimento, onde estão disponíveis apenas regletes e pequenos conglomerados muito polidos (muito polidos mesmo, liso igual uma bola de sinuca). Esta foi a primeira enfiada que eu guiei, nem quis ficar me enrolando muito nos regletes ensebados.. dei uma roubadinha na costura e vamo-se-embora!

Eu na 2ª parada.

A partir da terceira enfiada, a via vai ficando mais vertical e depois negativa, os lances vão deixando de ser técnicos e os conglomerados começam a ficar bem maiores, só agarra boa praticamente. As proteções continuam muito boas ao longo de todo caminho. Pra quem tem facilidade em remadas longas entre agarras boas, a via vai ficando cada vez melhor.

4ª parada da via. Veja que outras duplas escalam bem próximas, há varias vias em cada face das torres.

Continuamos revezando a ponta da corda e evoluímos sem problemas na 3ª e 4ª parte da via. A 5ª era um 7a (BR) com muitos lances negativos. Foi um desafio muito bom pra Tata, ela deu raça pra caralho e foi vencendo todos os lances. Depois dela foi minha vez de pegar a parte mais negativa da via: as agarras são praticamente todas grandes e boas, é só manter a tranquilidade pra não gastar força atoa.. remando e respirando.

Tamires iniciando a guiada da 5ª parte da via. Um sétimo grau negativo muito bacana. No céu da pra ver uma das aves que que habitam o local.


Tamires na 5ª parada da via. Na parte superior da foto, aquela calça preta na ponta da corda sou eu remando e tentando ficar tranquilo.
Tamires curtindo o visual da via na 5ª parada.

A última enfiada é a mais tranquila. O vento no topo dificulta bastante a comunicação. Mas vai indo e tudo se arranja. A trilha para descer faz um contorno aberto sentido anti-horário por trás dos picos. Eu fiz o favor de errar de forma bizonha, acabei fazendo uma curva fechada num dado momento e fui parar numa canaleta entre dois picos.. nada de mais também... No fim serviu só pra aumentar bastante nossa fome e sede e mais tarde rirmos bastante da minha cabeça dura.

Tata e eu no cume!


Acho essa foto engraçada pq traduz bem nosso alivio no fim da trilha depois da minha errada de caminho bizarra.


Comemorar o cume!!