sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Via Italianos com Secundo - Pão de Açucar- RJ

Pão de Açucar – Via Italianos com Secundo – 24/01/15




Preparação:

Para nossa primeira via de parede no Rio de Janeiro-RJ, Gustavim, Pastor, Tata e eu (Gilberto Siva) decidimos pela clássica via dos italianos com secundo 270m (5º V E1 D1/D2) que leva ao cume do pão de açúcar. É uma linha linda, logo abaixo dos cabos de aço por onde passam os bondinhos.

Nossa base de informação foi o Guia de Escaladas URCA, do Flavio Daflon e Delson de Quiroz, além de relatos da internet. Os croquis e informações do livro do Daflon são bons. Eu estava com uma versão mais antiga, de 2004, ao compará-la com a mais atual, preferi a minha, pois continha menos informação desnecessária (outras vias e variações). O croqui estava simples e bom.

A via é 100% de proteções fixas. São necessários uma corda de 60m e pelo menos 13 costuras com fitas longas (40cm.. 60cm.. 1,2m).

Aproximação:

Chegar até a via é bastante simples. Obviamente qualquer taxi te leva até o pão de açúcar. Daí basta seguir a pista Claudio Coutinho por cerca de 700m e a entrada da trilha estará a sua esquerda. A trilha é muito usada tanto para quem quer alcançar a face oeste do pão de açúcar quanto para os turistas que desejam subir a pé até o morro da Urca, primeira parada do bondinho. O caminho é bem aberto, porém íngreme. É cerca de 1km, que dura cerca de 20/30min de caminhada até a base da via dos Italianos. Deve-se virar a direita na bifurcação principal entre morro da Urca/pão de açúcar, e depois seguir sempre reto independente das bifurcações. Difícil errar.
Inicio da trilha que dá acesso a via italianos com secundo

A Escalada

Completamos nosso café da manha na lanchonete que abre às 6 horas na pracinha onde inicia a pista Claudio Coutinho. Seguimos a trilha e chegamos por volta de 7:30 na base da via. Para nossa decepção já havia um trio de gaúchos na nossa frente, e, 10 minutos depois chegou outra dupla que acabou desistindo, pois, iniciariam a escalada muito tarde. O sol começa a bater na via por volta de 11 horas (estávamos no horário de verão).

Para cordadas que estão indo pela primeira vez, é necessário cuidado para identificar a linha dos primeiros grampos da via. A variante Artéria da Alucinação (7o grau técnico) é bem mais visível e obvia que a linha dos primeiros três grampos da italianos, isto pode certamente causar enganos. Os primeiros grampos da italianos seguem bem bela caneleta, não chega bem a ser uma fenda, e depois vira a direita se juntando a Artéria da Alucinação.

Nosso grupo era dividido em duas cordadas: 1 - Gustavinho e Pastor, 2 - Tata e eu. O trio gaúcho permitiu que nossa primeira cordada iniciasse na frente deles, parece que estavam interessados em alguém passar a primeira proteção para eles. Nesse momento eu já estava numa ansiedade brava pra começar a escalar e bem decepcionado com a espera que a principio seria necessária, isto indicava que iríamos gastar bem mais tempo que o previsto e provavelmente escalar num sol escaldante.

O Gustavo não teve problemas para vencer a primeira enfiada rapidamente, seguido pelo Pastor. Logo em seguida o guia do trio gaúcho começou sua escalada num ritmo lento, aparentando dificuldades com o nível da via. Eu pedi então para escalar ao mesmo tempo em que ele, pois, de toda forma usaríamos uma parada acima da que eles pretendiam usar. Ultrapassei-o no crux, pude então ajuda-lo a passar sua corda na próxima proteção. O lance do crux é bem técnico, os regletes são pequenos, porém, a parede é levemente positiva. Deve-se subir um pé esquerdo bem alto, próximo ao grampo, enquanto o pé direito está num agarrão em forma de sorriso. Eu não hesitei em subir o pé logo no grampo e toquei rapidamente.
Tamires Vargas (Tata) chegando na primeira parada da Via dos Italianos
A segunda enfiada foi tranquilamente guiada pela Tamires, seguimos este ritmo revezando as enfiadas até o cume. A escalada continuou com o mesmo estilo: agarras pequenas, muita opção de pés, parede levemente positiva, visual incrível e muita curtição.
Gilberto Silva chegando no platô do fim da via dos Italianos

Gilberto Silva chegando ao final da travessia entre a via dos italianos com a via Secundo
A via dos italianos termina no fim desta segunda enfiada, num platô enorme, perfeito pra tomar uma água e lanchar. A partir daí tomamos a variante para a esquerda com o objetivo de chegar na via Secundo. Esta travessia é bem tortuosa, e, para ser possível fazê-la em apenas uma enfiada sem muito arraste, são necessária pelo menos umas 4 fitas de 1,2m. Eu não tinha estas fitas, então decidi usar a parada do meio da travessia, que também é um platô enorme.


A via secundo é no mesmo estilo da via dos italianos, com exceção da última enfiada, que tem um estilo diferente: pedra menos croquenta, mais positiva e com muitos lances de oposição em fenda. Mas o grau nunca varia muito, é sempre um 5, ou 5sup por aí. Alguns esticões normais, nada de assustador.
Tamires Vargas (tata) chegando na parada da 5 enfiada da via italianos com secundo

A parada da segunda enfiada da secundo (nossa sexta enfiada) gera um pouco de dúvida, é necessário passar um trepa-mato duvidoso. Seguimos a informação do croqui, contamos 6 proteções e os dois grampos estavam realmente lá! Tocamos para a direita para iniciar a última enfiada, não é bem necessário utilizar proteção neste pedaço, é um platô bem tranquilo.

Gastamos 5 horas aproximadamente, é possível fazer a via tranquilamente em algo em torno de 4 horas. Mas o mais interessante é ir com calma curtindo o visual. Em nosso ritmo teríamos pegado sol no fim da via, mas por sorte estava nublado.

A descida é tranquila, pode-se pegar o bondinho “de grátis” até o morro da Urca, a partir daí deve-se seguir a pé. Ao descer a trilha do morro da Urca chegasse ao mesmo ponto do início de toda jornada. Neste momento dá uma sensação boa de pensar em quanta coisa interessante aconteceu entre a subida e a descida desta mesma trilha.
Gustavo Veiga (gustavim), Bernardo Pastorine (Pastor), Gilberto Silva (betão) e Tamires Vargas (tata) chegando ao cume do pão de açucar!!!
No geral todos nós curtimos muito a via. Não é necessária muita força física, a rocha é sempre levemente positiva, porém, as agarras de pé e mão são quase todas bem pequenas, isto faz com que seja necessário estar sempre atento no equilíbrio, posicionamento e ter um bom trabalho de pés. Ou seja, a via não é difícil, mas, também não é de graça. Todos os fatores envolvidos tornam esta uma via clássica e imperdível.


Autor do relato: Gilberto Martins Assunção Valadares da Silva

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